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Ilustração: Beto Soares | Estúdio Boom
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No ano de 2011, trabalhei como técnico de Segurança do Trabalho em uma empresa do ramo de transporte. Dentro da companhia, havia uma área específica destinada à manutenção da frota de ônibus. Naquela área, era obrigatório o uso do protetor auricular tipo plugue devido ao forte ruído gerado pelos motores dos ônibus em manutenção.
O uso do EPI (Equipamento de Proteção Individual) era muito cobrado pelo setor de Saúde e Segurança do Trabalho. Caso alguém da equipe de prevencionistas passasse próximo ao local e visse algum dos funcionários não utilizando o protetor sem uma justificativa aceitável, fazíamos uma advertência verbal e assim sucessivamente até chegar na advertência por escrito.
Nesse setor de manutenção dos veículos de transporte, trabalhava um mecânico que perdia ou estragava constantemente o seu protetor auricular. Cada vez que isso acontecia, ele solicitava outro. Até que, um dia, passei a monitorar mais de perto a periodicidade com que o colaborador trocava seu EPI. Ele mesmo percebendo que estava exagerando nas perdas, com o tempo, acabou ficando sem graça de solicitar novos protetores auriculares.
Com isso, passou a usar sempre o mesmo plugue no seu dia a dia de trabalho, que, com o passar do tempo foi ficando cada vez mais desgastado. Após algum tempo, meio sem graça, mas também meio em desespero, o mecânico veio até mim para pedir um favor inusitado. Seu velho plugue havia se desgastado ainda mais e se deteriorado. Consequentemente, uma pequena parte do equipamento de proteção individual ficou dentro do ouvido do colaborador. Como tenho treinamento para atendimento em primeiros socorros, o levei, às pressas, até minha sala, onde, com uma pinça, retirei cuidadosamente o material do canal auditivo.
O episódio chamou a atenção de todos os colegas, pois acabou gerando uma situação hilária na empresa que ficou na memória de todos que presenciaram a situação. O resultado positivo do susto do mecânico foi que, a partir daquele dia, ele passou a ter um zelo enorme pelo seu EPI. Além disso, sempre que necessitava, solicitava um novo protetor auricular para evitar futuros problemas e novas situações embaraçosas.
Na verdade, cada tipo de protetor exige diferentes tipos de manutenção, limpeza e higienização. A higiene é muito importante porque evita a proliferação de bactérias, fungos, alergias e até infecções. Colaboração do leitor Thiago da Silva Viana